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Brasileiros desenvolvem vacina terapêutica contra o câncer
Publicado em 09/07/2012 - Última modificação em 14/08/2019 às 13h47
Células dendríticas
Uma equipe da Faculdade de Medicina da USP desenvolveu uma vacina personalizada contra o câncer.
A chave para o avanço está nas células dendríticas, componentes do sistema imunológico responsáveis principalmente pela identificação e captura de agentes estranhos presentes no corpo humano.
Em uma pessoa com câncer, a célula dendrítica não reconhece o tumor como algo estranho ao corpo e portanto, não o combate.
O princípio da vacina "é avisar ao sistema imunológico que aquilo é algo ruim para o corpo e que o sistema deve entrar na briga" explica o Dr. José Alexandre Barbuto, coordenador da pesquisa.
Vacina terapêutica
Ao contrário do que o nome sugere, a vacina não é feita para que pessoas saudáveis se protejam do câncer.
"O nome confunde muita gente, mas uma vacina não é só preventiva, ela pode ser terapêutica também, servir como alternativa de tratamento a determinada doença", afirma o pesquisador.
A vacina desenvolvida pelo Dr. José Alexandre é feita em doses únicas, específicas para cada paciente, já que, como alerta o professor, "cada câncer é único".
São retiradas células dendríticas do sangue do paciente, que carregam um marcador do tumor, e fundidas à base de choques com outras células de doadores sanguíneos saudáveis.
Pacientes terminais
A vacina terapêutica já foi testada em dois tipos de câncer: o mais agressivo de todos, que é o melanoma (câncer de pele) e o câncer de rim, normalmente em pacientes em estágio terminal.
Na maioria dos pacientes, o tumor parou de crescer, o que Dr. José Alexandre considera como um "super resultado".
Nestes pacientes terminais, a estimativa de vida mais que dobrou.
Com o avanço das pesquisas, o professor espera que, em breve, a vacina possa ser utilizada em escala maior e que ajude não só pacientes em estágio terminal, mas também em início de tratamento, para torná-lo menos sofrível e doloroso, como no caso das quimioterapias.
Neuroblastoma
Um outro tipo de câncer que há pouco tempo está sendo estudado pelo professor é o neuroblastoma, comum em crianças, cujo desenvolvimento é um pouco diferente dos demais.
Segundo Dr. José Alexandre, "é um câncer que às vezes 'sara' sozinho, mas não há cura definitiva. Opera-se, transplanta-se, e ele pode voltar".
A vacina contra o neuroblastoma é feita do mesmo modo, e é aplicada logo após a cirurgia tradicional, para não dar tempo para que o tumor volte a se desenvolver.
Como seu principal resultado é interromper o crescimento do câncer, o método tem se mostrado eficaz.
No entanto, Dr. José Alexandre lembra que "ainda não é possível comprovar os resultados, já que o método e a pesquisa são bastante recentes. É preciso esperar mais algum tempo para que tenhamos respostas mais confiáveis", afirma.